Sentido e voluntariado

31-07-2013 16:38

 

 

    Testemunho de uma voluntária na Missão de Água Izé em S.Tomé:


“Qual é o sentido da vida? O que nos faz correr? São perguntas que me ocorrem com frequência. E acredito que sejam perguntas que todos se colocam, pelo menos uma vez na vida. Eu, ao tentar dar respostas, fui percebendo que o sentido da vida é tão simples e ao mesmo tempo exigente. Mas também percebo que só essa exigência a torna tão bela. Percebi que respostas estruturadas e filosoficamente fundamentadas não me satisfaziam. Descobri que as minhas opções diárias, os meus gestos e os meus compromissos eram a resposta. Fui revelando a mim mesma que a felicidade estava nos momentos em que genuinamente ia ao encontro dos outros e simplesmente estava, ficava, só ficava!”

Carmo Fernandes

imagem tirada da internet

 

O voluntariado é, em geral, uma experiência transformadora. Dar o melhor de nós e do nosso tempo a quem precisa, acaba por nos revelar que recebemos muito mais do que aquilo que oferecemos. No entanto, devemos consciencializar-nos que uma das condições para o voluntariado é o compromisso real. Outra condição será a de não criar demasiadas expectativas – aquilo que podemos fazer nem sempre corresponde ao que almejamos (devemos ter sempre presente que não somos os “salvadores” do mundo). Uma terceira condição será a de que a nossa adesão a um projecto de voluntariado não seja motivada por um impulso inconsequente, fruto de um desejo de compensação das nossas carências.

                Especialistas em voluntariado constataram que muitas pessoas em períodos difíceis da sua vida profissional ou familiar, procuram um sentido mais gratificante para a sua existência, começando a dedicar-se a projectos de voluntariado. Começam entusiasmadas, mas depois… deixam de aparecer de um dia para o outro. Ora, devemos estar conscientes do compromisso que assumimos e respeitá-lo. É importante também escolher um projecto com que nos identifiquemos. Desde “depositar” parte do nosso tempo no Banco do tempo, apoiar os sem-abrigo ou as crianças de rua, integrar movimentos para erradicar a pobreza ou reciclar o lixo, partir em missões solidárias no exterior, ou aderir ao “voluntarismo” (uma associação entre turismo e voluntariado que une a ajuda num projecto comunitário a uma viagem com destino exótico), o leque de escolhas é muito variado.

                Mesmo que não nos associemos a um projecto de voluntariado, podemos dar o nosso apoio, a nossa presença, o nosso afecto, a nossa compreensão. Como nos diz Thich Nhat Hanh o presente, mais precioso, que podemos oferecer, àqueles que amamos, é a nossa energia de compreensão e amor. Aquilo que os outros mais precisam é da nossa compreensão, amor e olhar profundo – não como ideias, mas enquanto realidade viva.”

 
 Teresa Ferreira, Sementes de Bem-Estar na Sabedoria Chinesa