O SENTIDO DA VIDA segundo David Servan Shreiber

26-07-2013 17:32

 

 

“Uma nova perspectiva nasceu das neurociências nos últimos 20 anos: aquilo que alimenta a nossa vida, não é a razão pura, mas o bom equilíbrio do nosso cérebro emocional que precisa, sobretudo, de ligações, de relações.

Encontra-se em quatro domínios:

  • A corporalidade – Se não nos autorizarmos a sentir, saborear, tocar, escutar, observar… levando toda a nossa atenção para o momento presente, se não nos deixarmos envolver completamente pelo prazer de rir ou – mais difícil – pelo sofrimento, então não estamos conectados com o nosso corpo. O desporto, como actividade física, absorve a nossa atenção, a nossa suavidade e a nossa força. A meditação, a escuta atenta do outro durante a qual nós ficamos activamente abertos às sensações que evocam aquilo que ele diz ou faz, são também, uma maneira de nos levar a essa primeira fonte de sentido que é a corporalidade: as ondas que se espalham no interior do nosso corpo assim que ele reage ao mundo e sobre as quais nós podemos escolher concentrar a nossa atenção.

  • A intimidade – Naturalmente o Amor. Quando nos olhamos nos olhos e sentimos o coração bater mais forte, não nos colocamos nenhuma questão existencial. Tudo aquilo que nos implica numa relação íntima é a âncora da existência com solidez. Não há dúvida sobre o sentido da existência quando seguramos a mão do nosso filho para o levar pela primeira vez à escola, ou quando ouvimos um coro cantar. Além dos parceiros amorosos ou das crianças, todos aqueles que nos são próximos, todos aqueles por quem estamos prontos a dar-nos, todos os que participam do círculo da nossa intimidade, ligam-nos à vida e dão-lhe sentido.

  • A comunidade – Mesmo que tenhamos sido bem sucedidos na nossa vida afectiva temos necessidade de ser úteis fora do nosso circuito próximo de intimidade. Temos necessidade de sentir que contribuímos, de alguma forma, para a sociedade da qual fazemos parte e que acolherá, amanhã, os nossos filhos.

  • A espiritualidade – É possível sentirmo-nos ligados a uma dimensão maior. Para alguns a fonte de sentido é o sentimento de estar em presença de algo bem maior que tudo isto. Mesmo se essa presença se chama Deus (ou Alá, ou Jeová) ela aparece simplesmente em face da natureza, ou de certos lugares que nos lembram do quanto somos insignificantes no Universo, ou na imensidade do tempo. Estranhamente, é no momento preciso em que experimentamos esse sentimento de pequenez, que simultaneamente, ela, a vida, parece preenchida de sentido e nós com ela.”

Fonte: Psychologies