As palavras

17-10-2013 18:56

 

 

História hassídica na versão de Christiane Singer:

"Um pobre velho ora com fervor: o rabino aproximando-se apercebe-se de que ele recita o alfabeto e surpreende-se. Dirige-se ao homem: "Que é que recitas?" E o outro: "Sabes Rabbi, sou um pobre homem sem grande instrução, sem grande inteligência e tenho medo de desagradar ao meu criador. Por isso ofereço-lhe todas as letras do alfabeto para que ele se sirva delas e componha ele a oração que gostaria de escutar."

 

imagem da net

 

«Há palavras que são setas que nos trespassam, há palavras que são sementes que se lançam e se acolhem esperando pelo fruto. No ar paira sempre uma pergunta: que fazer deste dia? E tudo pode depender de um secreto dom, do impulso e da motivação suscitados pelas palavras que recebemos.»

Vasco Pinto Magalhães

 

 

As palavras podem ferir ou curar, alegrar ou entristecer, aliviar ou angustiar, desmotivar ou incentivar, ridicularizar ou apoiar, fechar ou portas abrir...

Poder imenso o das palavras! Mas é também na forma de as juntar que está a sua magia. É a forma de as ligar, de trazê-las à frente, ou atrás, de não dar demasiada atenção a umas em detrimento de outras, de não as atropelar, de criar espaços entre elas, de as unir em comunhão. É então que as palavras nos abrem caminhos. Somos como as palavras e, tal como elas, podemos mudar, ligarmo-nos de formas diferentes e abrir novos  caminhos. 

Assim, perguntemo-nos: porque falo? Para informar, para fazer rir, para instruir, para apoiar alguém, para o bem ou, pelo contrário, para o negativismo, o mal dizer? Para unir ou para dividir? O que despoletarão, as minhas palavras, nos outros, nos meus próximos, em mim? Se fossem sementes, que tipo de flores, de árvores ou ervas germinariam?

O que gostaria de semear em cada palavra que pronuncio?