Arte e espiritualidade

26-07-2013 17:59

 

 

“Um traço feito com a régua é um traço morto. Só é verdadeira a pintura em que o pincel é guiado pelo Espírito e se concentra no Uno.”

                                                                        Chang-Yen-Yuan

            Um dos princípios base de toda a expressão artística chinesa é o vazio, o espaço a partir do qual a obra poderá materializar-se. A pintura ideal não é acabada no papel, mas no espírito daquele que a contempla. São os “brancos” da pintura, os silêncios da música, o “além – das – palavras” do poema que importam. Enquanto para os ocidentais o vazio se associa ao nada, para os chineses é um lugar de trocas em perpétuo movimento, é a casa dos sopros vitais e, portanto, do divino. O Vazio é a manifestação do Absoluto.

            Entendendo a espiritualidade como uma abertura ao que nos transcende, como um olhar mais amplo que nos faz ver uma dimensão maior, uma união mais completa com o nosso verdadeiro ser, com os outros e com toda a criação, podemos, sem dúvida, considerar a arte como uma porta aberta à experiência espiritual.

          Ao entrarmos no mundo da arte abrimos o nosso coração num envolvimento dos sentidos. A arte desperta em nós a vontade de realização e alcance da plenitude do ser.

  Teresa Ferreira, Sementes de Bem-Estar na Sabedoria Chinesa