Aprender a viver, aprender a morrer

10-08-2013 10:45


 

“Após anos e anos de assistência a pessoas que vivem os seus últimos momentos, não sei muito mais sobre a morte em si mesma, mas a minha confiança na vida não tem senão aumentado. Vivo, sem dúvida, mais intensamente, com uma consciência mais aguda, aquilo que me é dado viver, alegrias e tristezas, mas também todas essas pequenas coisas quotidianas, que são óbvias, tal como o simples facto de andar ou respirar.

Talvez me tenha tornado mais atenta aos que me rodeiam, consciente de que não os terei para sempre a meu lado, desejosa de os descobrir e de contribuir, tanto quanto puder, para que eles venham a ser aquilo para que são chamados. (…)

(…) e muitos moribundos, no instante de deixarem a vida, nos têm lançado esta mensagem pungente: Não passem ao largo da vida, não passem ao largo do amor.”

Marie de Hennezel, La mort intime


"Qualquer que seja a duração de vossa vida, ela é completa. A sua utilidade não reside na duração e sim no emprego que lhe dais. Há quem viveu muito e não viveu. Meditai sobre isso enquanto o podeis fazer, pois depende de vós, e não do número de anos, terdes vivido bastante."

Michel de Montaigne, Ensaios

 

 

Sabemos que todos morreremos um dia, mas escondemos a morte, fugimos… Angustia-nos pensar nela. É, talvez, dos únicos tabus da nossa sociedade. E, no entanto, a morte é o momento culminante da nossa vida, a sua coroação, aquele que lhe mostra o sentido e valor. Aqueles que têm o privilégio de acompanhar alguém, nos seus últimos instantes de vida, partilham uma intimidade cujo valor é incomensurável. Aquele que vai morrer tentará expressar, àqueles que o acompanham, toda a sua essência. Através de um gesto, uma palavra, às vezes, somente um olhar, tentará falar daquilo que conta verdadeiramente e não soube dizer (ver 5 arrependimentos antes de morrer).

Que grande ensinamento nos dá aquele que vai morrer: Ensina-nos a viver!

Em vez de negar a morte há que integrá-la na vida e, na consciência de seres mortais, podemos valorizá-la, respeitá-la na imensidão daquilo que nos oferece.

Precisamos aprender a viver e aprender a morrer… Para essa aprendizagem propomos dois exercícios: o primeiro da autoria de Stephen Covey e o segundo de Vasco Gaspar.

 

imagens tiradas da internet

 

 

 “Se eu estivesse morto…”

- Pense em três pessoas dentre aquelas que conhece melhor: cônjuge, amigo, colega…

- Numa folha resuma numa frase aquilo que cada um diria de si (três frases, portanto, no total).

- Noutra folha escreva, em seguida, aquilo que gostaria de ouvir sobre si. Para ajudar pode categorizar: plano relacional, familiar, profissional, espiritual…

- Compare as duas listas.

- Realce os aspectos que considera mais importantes consagrando-lhes prioridade no futuro, tomando-os como objetivos concretos.

 

Sementes para o futuro 

Olhe para trás, para o que já viveu. Será que já pôs em prática o seu potencial ou está de alguma forma “perdido” num caminho que não é o seu?

Procure um papel e uma caneta para fazer uma breve reflexão como se hoje fosse o seu último dia. Com a folha em branco à frente escreva as seguintes questões:

-“Vivi ao máximo o meu potencial?”
-“Pus “cá para fora” quem eu realmente sou?”
-“Inspirei as pessoas que me rodeiam?”
-“Fiz a diferença na vida de alguém?”
-“Construí algo que mereça ser lembrado?”
-“Deixei o mundo melhor do que quando o encontrei?”


Nota: Ver ainda "Ce qui est important"