A bondade humana

10-08-2013 11:36

“Para odiar, as pessoas precisam aprender,
e se elas aprendem a odiar,
podem ser ensinadas a amar,
pois o amor chega mais naturalmente
ao coração humano do que o seu oposto.
A bondade humana é uma chama que pode ser oculta,
jamais extinta.”

Nelson Mandela
 
 
Dieter Telemans/Panos Pictures
 

 

"O que sobrevive à morte é precisamente essa bondade fundamental que existe em todos nós e toda a nossa vida é uma lição sobre como fazer vir ao de cima essa intensa bondade, um treino para nos darmos conta da sua existência."

Sogyal Rinpoche
 

Sabia que um bebé de um ano, que acaba de aprender a andar, vai espontaneamente em socorro de alguém que vê em dificuldades? Sabia que aquando de uma catástrofe natural, as pilhagens e violência são grandemente superadas pelo altruísmo e solidariedade? Sabia que o nosso cérebro contém zonas de satisfação que se activam quando somos generosos e zonas de insatisfação que se activam quando somos confrontados com uma injustiça? E se, ao contrário do que tem sido repetidamente afirmado, a violência e o egoísmo, que existem incontestavelmente, não correspondessem à nossa natureza profunda?

 

É justamente esta a tese que Jacques Lecomte defende no seu último livro "La bonté humaine". O egoísmo e a violência existem, mas não correspondem à natureza profunda do homem. O ser humano tem potencialidades para a bondade e para a crueldade, sim, mas tudo depende daquelas que alimenta. Ao longo das páginas deste livro tomamos consciência de que muitas das nossas certezas sobre a violência e o egoísmo são fundadas em afirmações sem provas, muitas vezes, em rumores. “La bonté humaineapresenta-nos exemplos inspiradores como o de Primo Levi deportado em Auschwitz. Se a violência surge como um dos grandes temas do livro de Primo Levi “É isto um homem?” num relato pungente e perpassado por um horror quase inacreditável, Levi conta-nos também que em Auschwitz, quando trabalhava numa fábrica de borracha, a cada dia, durante seis meses, um operário italiano lhe levava um pedaço de pão na sua marmita. 

“Creio que é justamente a Lorenzo que devo estar vivo hoje, não pela sua ajuda material, mas por me ter constantemente recordado, pela sua presença, pela sua forma simples e fácil de ser bom, que ainda existia um mundo justo, coisas e seres ainda puros que nem a corrupção, nem a barbárie haviam contaminado. Algo indefinível como uma longínqua possibilidade de bondade pela qual valia a pena viver. Lorenzo era um homem: a sua humanidade estava pura e intacta. É a Lorenzo que devo o facto de não me ter esquecido que eu, também, era um homem.”

 

Se a nossa essência não fosse a da generosidade, cooperação e solidariedade, a nossa espécie já teria desparecido, consumida pela violência e pelo ódio.

 
Van Gogh (imagem retirada da net)
 

"Nosso grande medo não é o de que sejamos incapazes.
Nosso maior medo é que sejamos poderosos além da medida. É a nossa luz, não a nossa escuridão, que mais nos amedronta.
Perguntamo-nos: "Quem sou eu para ser brilhante, atraente, talentoso e incrível?" Na verdade, quem é você para não ser tudo isso? Considerar-se o pequeno não ajuda o mundo. Não há nada de brilhante em encolher-se para que as outras pessoas não se sintam inseguras em torno de si.
E à medida que deixamos a nossa própria luz brilhar, inconscientemente damos às outras pessoas permissão para fazer o mesmo".