Praticar o não-julgamento

31-07-2013 11:56

 

 

Julgar, à partida, é fazer uma distinção: identificar aquilo que sou e aquilo que é o outro, aquilo que nos é semelhante e aquilo que nos distingue. O julgamento representa a constante avaliação das coisas como certas ou erradas, boas ou más. Quando se está sempre a avaliar, a classificar, a rotular, a analisar, cria-se uma imensa turbulência no nosso diálogo interior, como nos diz Deepak Chopra.

Os nossos julgamentos criam, de facto, uma grande desestabilização: quanto mais repetimos que o nosso filho é desobediente, mais nos irritamos, quanto mais alimentamos o pensamento de que o mundo é injusto, mais nos perturbamos.

O julgamento, seja positivo ou negativo, remete para uma vulnerabilidade emocional e afectiva, para feridas narcísicas. Se não tivéssemos sido submetidos ao julgamento, não julgaríamos os outros e não julgaríamos a nós próprios.

No coração do julgamento, o ego ávido de reconhecimento está sempre lá: “O que é que eu valho?” Quanto mais julgo o outro, mais duvido do meu valor.

Se encararmos o julgamento como a nossa parte de sombra, de sofrimento, de fragilidade, ele transforma-se num convite a ver mais de perto aquilo que grita ou chora em nós.

O não julgamento é uma chave para melhor se amar e melhor amar os outros, fazer silêncio em nós para nos tornar disponíveis aos outros. Exige não somente o controle da palavra e dos pensamentos, mas também a estabilidade das emoções e aceitação da realidade tal como é. Os seus grandes obstáculos são a dificuldade em aceitar a alteridade e também a impossibilidade que sentimos em escutar verdadeiramente o outro.

Praticar o não julgamento é libertarmo-nos das nossas prisões mentais e pacificar o nosso coração.